Com informações da CBN Campinas
O prefeito de Campinas, Jonas Donizette, foi citado durante telefonemas entre empresários que supostamente negociavam favorecer a Organização Social Vitale, empresa que administrava o Hospital Ouro Verde.
A informação chegou após a Justiça quebrar o sigilo das investigações do Ministério Público que incluem transcrições de escutas telefônicas gravadas durante a Operação Ouro Verde.
A operação investiga o desvio de R$4 milhões na área da saúde e teve a prisão temporária prorrogada de seis pessoas por indícios de irregularidades no Hospital Ouro Verde.
O fato ainda contou com o episódio da mala de dinheiro contendo R$1,2 milhão encontrada na casa do ex-servidor público Anésio Corat Júnior, que era diretor do Departamento de Contas da Secretária de Saúde de Campinas, afastado após a denúncia.
Sem contar os dois carros de luxo encontrados com o ex-diretor técnico da Vitale, Fernando Vitor Torres Nogueira Franco.
A novidade está no telefonema que Ronaldo Foloni, então diretor geral da Vitale, recebe de Gustavo Khattar de Godoy.
O rapaz passa o telefone para o pai, Sylvino de Godoy Neto, diretor-presidente do Grupo Rede Anhanguera de Comunicação – que mantém os jornais Correio Popular e Notícia Já.
É então que o diretor do jornal narra uma sucessão de conversas que podem comprometer o prefeito de Campinas.
Ele diz que falou com o Secretário de Assuntos Jurídicos, Silvio Bernardin, e com o prefeito para liberar mais recursos para a Vitale quitar dívidas com fornecedores.
Cita que Jonas teria então falado que “tem recursos que estão entrando e que até o final de novembro deve estar com uma situação melhor de caixa”.
Sylvino prossegue dizendo que teria feito, inclusive, uma “boa pressão” considerando que “editorialmente isso vai pesar muito contra o Jonas”.
Em outro trecho, o ex-diretor menciona ter ouvido de Gustavo, o filho do diretor do Jornal, que “a Vitale só havia vencido o certame em Campinas graças à intervenção do seu pai com o prefeito Jonas Donizette, uma vez que, em troca de cessar as matérias negativas que eram realizadas pelo jornal contra a SPDM, entidade que antecedeu a Vitale na gestão do hospital Ouro Verde, o prefeito garantiu ao seu pai que a nova OS contraria os serviços de imagem de Gustavo”.
O caso agora segue em sigilo sendo investigado pela Procuradoria Geral de Justiça.
O prefeito de Campinas, Jonas Donizette, em nota, disse repudiar qualquer forma de uso indevido de seu nome por quem quer que seja.
E que como se tornou público nos últimos meses, o prefeito vem enfrentando a Vitale de forma direta, defendendo os interesses da população.
Nenhum dos vários pedidos de aditivos feitos pela Vitale foi atendido.
O prefeito seguiu dizendo na nota que este enfrentamento culminou com a intervenção no Hospital Ouro Verde e a demissão dos servidores públicos acusados.
O advogado Ralph Tórtima Filho, que representa o presidente do Grupo RAC, Sylvino de Godoy Neto, esclarece que o empresário não teve qualquer interferência na contratação da Vitale.
A defesa nega que Sylvino teria intercedido junto ao prefeito para a liberação do aditivo no contrato da OS.
“O que ocorreu foi que externou sua preocupação com a crise enfrentada pelo Hospital, por conta da falta de pagamento aos fornecedores e ao corpo clínico, o que colocava em risco a continuidade do atendimento à população”.
“Tenho a responsabilidade com Campinas e região de defender o interesse coletivo e não hesitarei em pressionar e interagir energicamente quando estiver em jogo a saúde dos mais carentes e necessitados”, afirma Sylvino de Godoy.
A defesa de Gustavo esclarece que o médico não tem qualquer envolvimento com as supostas fraudes e que a sua condição junto ao hospital é idêntica a dos demais médicos, que estão sem receber salários há mais de três meses.